O laudo médico da morte de uma adolescente de 14 anos dentro da escola onde estudava, em Cachoeirinha, Região Metropolitana de Porto Alegre, aponta que a causa foi "estrangulamento". O resultado foi informado durante a manhã desta quinta-feira (9), um dia após o fato, e reforça a suspeita inicial da investigação policial, segundo o delegado Leonel Baldasso, que é de homicídio.
A ocorrência da Brigada Militar levada à delegacia após a morte informava que uma briga havia ocorrido entre a vítima e mais três adolescentes, duas de 12 e uma de 13.
A polícia ainda apura o motivo da briga. "Vamos aprofundar as investigações e saber qual a motivação da briga. Ver se houve intenção de matar e, havendo intenção, as adolescentes vão ser enquadradas por homicídio", explica o delegado. "Informações preliminares apontam que a vítima foi empurrada e bateu cabeça na mesa", acrescenta.
As três adolescentes chegaram a ser levadas para a Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), mas foram liberadas em seguida. A polícia também vai apurar a conduta dos funcionários da escola.
A Coordenadoria Regional de Educação se reuniu nesta quinta com professores para tratar do assunto. A reportagem tentou contato com a CRE, mas não conseguiu.
A adolescente que morreu havia se mudado de Porto Alegre para Cachoeirinha em dezembro de 2016. Marta Avelhaneda Gonçalves era nova na Escola Estadual de Educação Básica Luiz de Camões, e as aulas recém haviam começado. A abertura oficial do ano letivo no Rio Grande do Sul ocorreu no dia 6 de março.
Inconformada, a irmã da vítima pede justiça. "Meu Deus do céu, tem que ter justiça isso. Pelo amor de Deus... Não sei se a responsabilidade é do colégio... Essas gurias, não interessa se são menores de idade, de algum jeito têm que ser penalizadas, eu não sei... Pelo amor de Deus...", desabafa Géssica Gonçalves.
A irmã define a adolescente como uma menina tímida, que pouco saía de casa. "Era tímida, mais na dela, bem amiga... Não gostava nem de sair mais, o que ela fazia era ir para o colégio, e se a mãe mandava ir no mercado. Ela só ficava no celular e no quarto", conta.
O velório da adolescente ainda não tem local definido.
Devido à morte da estudante, os portões da escola, que fica na Vila Bom Princípio, amanheceram fechados nesta quinta (9), e ficará assim também na sexta-feira (10). As aulas foram suspensas por dois dias.
Versões da diretora e de coordenadora de posto
Durante a manhã, a diretora da escola não quis falar com a reportagem. Questionada, disse apenas que estava "muito abalada". À rádio Gaúcha, mais cedo, Fani Drehmer de Oliveira observou que a situação ocorreu na troca de turno de aulas.
"O professor estava se dirigindo para a sala de aula e, nesse meio tempo, os alunos me ressaltaram que tinha uma aluna passando mal. Quando chegamos, ela estava deitada no chão da sala, desacordada, convulsionando", relata.
Fani disse que soube da briga já no hospital. "Estava no hospital com a mãe e um professor me relatou da briga, mas não sei bem dizer se o óbito foi em consequência disso, é algo que está sendo investigado", resume.
A diretora também disse que a menina não apresentava marcas de agressão. Fani classificou a morte da adolescente como uma "fatalidade".
Também à rádio Gaúcha, a coordenadora do posto de saúde onde a adolescente foi atendida, Gelci Machado Rodrigues, disse que a menina não apresentava marcas de agressão. "Não tinha lesão alguma, estava no chão, ela espumou um pouco pela boca, acredito que na hora do óbito", relata.
Gelci conta que foi chamada por uma professora que chegou à unidade de saúde pedindo ajuda, relatando que uma "menina tinha passado mal e desmaiado". "Quando chegamos, ela estava sendo reanimada por um professor, com massagem cardíaca, enquanto uma professora fazia respiração boca a boca, e outra passava álcool nas extremidades", lembra.
Pouco tempo depois, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local. "Quando o Samu chegou, se tentou por várias vezes fazer a massagem, deram choque, sem resultado algum”, diz a coordenadora, acrescentando que a jovem foi levada para o Hospital Padre Jeremias, aparentemente já sem vida.
A coordenadora do posto também disse que soube de briga depois, pelas redes sociais. "Perguntei o que tinha acontecido, e um professor me disse que ela caiu da cadeira, em momento algum foi falado em briga", relata.